Dias 1 a 4

Dia 01 – Sábado (21/09)
Curitiba – Mostardas: 832 km

As 6:00 horas em ponto liguei a moto após uma noite de sono cheia de interrupções por conta da ansiedade de pegar a estrada. Sai com céu estrelado e a lua cheia brilhando enquanto o sol erguia-se no horizonte. Somando a isso uma temperatura de 18oC prometiam um dia agradável de estrada contrariando as previsões pessimistas que havia visto na internet na noite anterior.
               
Quando cheguei na curva da Santa, na descida da serra na BR-376, o tempo fechou confirmando as previsões do tempo. Era uma garoa fina que mantinha a estrada molhada. Fui com esse cenário até Florianópolis, quando a garoa deu espaço a um temporal fenomenal (inclusive com granizo). Assim que passei Palhoça a chuva diminuiu um pouco, mas me acompanhou até o fim do primeiro dia de viagem. Foram 750 quilômetros de muita chuva e pista molhada, que graças a Deus não me atrapalharam, só tornaram a viagem mais cansativa e reduziram a quantidade de fotos.

Após Osório a pista passa a ser simples e com acostamento muito estreito (quando existe), mas em bom estado de conservação. Porém os últimos 70 quilômetros antes de Mostardas estão muito ruins, pois há crateras gigantescas e em alguns pontos chega a ser impossível não passar por dentro de uma delas. Por conta disso nesse trecho final não passei dos 50 km/h.

Ao total fiz cinco paradas, uma em Itajaí para abastecer a moto e tomar café da manhã, uma em Imbituba para ir banheiro e uma em Araranguá para abastecer, lubrificar a corrente e lanchar. As outras duas foram para esvaziar a bexiga na beira da estrada mesmo.

Cheguei a Pousada Parque na Avenida Padre Simão em Mostardas as 16:49 horas. É uma pousada simples, com garagem segura, quarto limpinho e roupas de cama e banho novos. Com relação a cidade fiquei surpreso, ela é pequena, porém bem organizada e agradável. Para ajudar a boa impressão da cidade o tempo melhorou e até consegui tirar fotos do por do sol na Lagoa do Rincão.





Dia 02 – Domingo (22/09)
Mostardas – Rio Grande: 289 km

        Após tomar café da manhã retirei os alforjes da moto e saí para conhecer a Lagoa do Peixe um pouco antes das 8:00 horas. Retirei toda a bagagem, pois quanto mais leve melhor para o trecho off-road que iria enfrentar – a dona do hotel até disse que não acreditava que com a minha moto eu conseguisse chegar a parque. Do hotel até o balneário Mostardas são 13 quilômetros em estrada de chão, areia, dunas e alguns rios para cruzar por dentro, mas que valem o sacrifício. Esse trajeto corta de oeste a leste a reserva da Lagoa do Peixe, que é simplesmente encantadora – para quem gosta de natureza obviamente.

        Ao chegar ao balneário acessei a praia e fui em direção sul para conhecer o canal de ligação da lagoa com o mar. Porém a maré estava alta (por conta da ressaca que estava ocorrendo em todo o sul do Brasil) e em alguns trechos o mar chegava muito próximo das dunas. Achei muito arriscado e por precaução retornei após percorrer 4 quilômetros. Uma pena, pois pelo que li a foz é ainda mais bela do que eu já havia visto. Talvez se não estivesse sozinho teria ido em frente; esse é o inconveniente de viajar sozinho.

As 10:20 já estava no hotel, peguei os alforjes e baú e as 10:30 estava na estrada. Essa está muito boa, sem os buracos do dia anterior permitindo que andasse bem e um pouco antes do meio-dia já estava no embarque da balsa. Como esta só iria sair as 14:00 fui conhecer a cidade e tentar chegar ao molhe norte. A cidade é bem bonitinha, com diversas construções muito antigas. Já para chegar ao molhe são 10 km de estrada pavimentada em pedra muito ruim que judiaram da suspensão da moto bem como todos os parafusos (tudo treme) e o visual não é aquilo tudo.

Como gosto de agir preventivamente resolvi chegar até as 13:00 na balsa, ainda bem, pois ela saiu as 13:25. A travessia demorou 1 hora e 5 minutos e é interessante, pois além da bela paisagem passa bem perto de alguns estaleiros, onde é possível ver obras incríveis de engenharia. Assim que a balsa atracou fui em direção ao molhe sul. Esse sim tem um visual legal e o acesso é bem fácil. Queria ir até a ponta do molhe que tem 4500 metros no vagão a vela que existe para levar os turistas (o trilho foi utilizado para a construção molhe). Mas infelizmente estava caro demais. O cidadão estava cobrando R$90,00, portanto fiquei somente com o visual do começo do molhe.
Dali segui pela praia até ao Balneário do Cassino, mais alguns quilômetros de praia e muitos rios. Minha ideia era ir até um dos navios encalhados na praia do Cassino (a maior do mundo com 212 km de extensão), mas infelizmente não foi possível. Um vendedor de refrigerantes com que conversei no molhe me informou que com o vento que estava soprando e a ressaca era arriscado demais. Passei por dentro do balneário e retornei para o Rio Grande onde me hospedei no Hotel Paris, construído em 1826.

O percurso do dia colocou a moto a prova, pois foram 36 quilômetros em estrada de chão com muitas costeletas de vaca, areiões, trechos alagados, 20 quilômetros em estrada de pedra (tipo bloquete) muito ruim e 55 quilômetros na areia da praia, além de cruzar uma infinidade de rios (acho que mais de 30).











Dia 03 – Segunda (23/09)
Rio Grande - Chuí: 305 km

Como ontem fui dormir super cedo, hoje acordei cedo também de forma que um pouco antes das 7:00 já estava saindo do hotel. Por ser uma segunda-feira e Rio Grande ser uma cidade movimentada levei praticamente 40 minutos para chegar a estrada. Até o vilarejo Quinta a pista é dupla e impecável, depois ao acessar a BR-471 em direção sul ela é simples com algumas ondulações, mas pelo menos não tem buracos. O transito é tranquilo, só o que incomodou foi a chuva durante o dia inteiro e um vento lateral muito forte. A noite vi nos noticiários que o vento chegou a 56km/h.

O ponto alto do trajeto foi a travessia da Reserva do Taim onde foi possível fotografar inúmeros animais em seu habitat natural. Além dos animais vivos vi muitos atropelados (acho que mais de vinte), só não fotografei pois achei deprimente demais.

Um pouco antes de chegar ao Chuí saí à esquerda para conhecer o Balneário Hermenegildo, onde acaba a praia do Cassino (a que comentei a pouco ser considerada a maior do mundo). O vento estava insuportável e o balneário completamente deserto sendo impossível ficar muito tempo. Retornei a estrada e fui direto a Barra do Chuí, para ver aonde o litoral brasileiro realmente começa ou acaba dependendo do ponto de vista. O balneário do Chuí é uma graça, com todas as casas e ruas muito arrumadas, só não tirei fotos pois a chuva estava castigando e a minha máquina já estava molhada das fotos tiradas no Balneário Hermenegildo.

Fui direto ao primeiro hotel (Internacional) da minha lista e ali mesmo fiquei, mesmo estando um pouco mais caro do que havia visto na internet. O hotel está passando por reforma e alguns quartos não estão disponíveis, mas o que eu peguei tudo cheira novo.

Dei uma volta rápida pelos Free Shops e fui almoçar. Durante a tarde peguei um taxi e fui conhecer a Forteleza San Miguel e o Fortin San Miguel, ambos muito legais. O taxi custou R$28,00 e se fosse de moto a carta verde custaria R$ 45,00. Não fui a Fortaleza Santa Tereza, pois quase congelei enquanto visitava o parque San Miguel, além do que já era relativamente tarde.

Durante o dia de hoje a temperatura estava em 13oC quando sai de Rio Grande e na estrada baixou para 11oC. Ao chegar em Chuí baixou para 9oC e manteve-se o restante do dia nesta casa, sempre com muita chuva. Espero que amanhã as condições do tempo melhorem, embora não é isso que a previsão diz.













Dia 04 – Terça (24/09)
Chuí – Porto Alegre: 548 km

Após colocar os apetrechos para enfrentar o frio e a chuva saí as 7:20 do hotel. Parei para uma última foto no Chuí (da placa de entrada no Uruguai), mas tive que voltar para o hotel, pois havia perdido a chave dos baús. Depois de 20 minutos de procura descobri que a chave estava “perdida” em um dos inúmeros bolsos da minha roupa – que burrice!!!!

Novamente saindo do Chuí nem quis parar para tirar a foto. Segui viagem em direção a Porto Alegre sendo que os primeiros 237 quilômetros foram pelo mesmo caminho da ida. A estrada estava tranquila porém com muita chuva. Ao passar pela Reserva do Taim resolvi contar o número de capivaras mortas na estrada para ver se não havia exagerado no relato do dia de ontem. Quase acertei, havia 19 bichinhos mortos.

Após o acesso a Rio Grande segui em direção a Pelotas. Nesse trecho a pista é dupla e bem movimentada e para completar ainda com muita chuva. Ao chegar a Pelotas vi o estrago que a chuva estava fazendo, diversas ruas e casas invadidas pela água. Acessei a BR-116 que está sendo duplicada, por isso com muito barro na pista o qual era levantado pelo intenso tráfego de caminhões. Devido a chuva que insistia em me castigar desist de conhecer o balneário da cidade de São Lourenço do Sul, afinal não daria nem para ver a Lagoa dos Patos, muito menos fotografar. E assim cheguei a Porto Alegre as 14:30, sendo levado pelo GPS diretamente ao hotel. O primeiro da minha lista achei muito ruim e fui para o segundo onde fiquei. O hotel Copa é muito simples, mas confortável e seguro, além de ser perto de tudo que eu queria visitar. Ele fica no centro velho próximo a rodoviária.

Saí para passear a pé fazendo um zig zag entre as praças e construções que queria ver. Ao total andei 8,9 quilômetros. Fui ao Mercado Público Central, Praça da Matriz, Catedral Metropolitana, Praça dos Açorianos além de visitar o bairro Praia de Belas. Neste último parei para jantar e após retornei para o hotel de taxi (achei meio arriscado retornar a pé).